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A mostrar mensagens de março, 2009

Povoamento da Gafanha: História ou lenda?

Diz o Padre Rezende, na sua Monografia da Gafanha:  (…) “Esta tradição diz-nos que a Gafanha teve como primeiros habitantes quatro criminosos, a quem a Justiça do tempo, que se não pode precisar, mandou cumprir a pena de degredo nesta África Continental. Si vera est fama não têm os nossos briosos gafanhões pergaminhos muito honrosos e limpos com que possam gloriar-se. Felizmente que estes povos desmentem cabalmente a tradição desonrosa. Adiante.  O argumento colhe, e senão vejamos. Não é ainda hoje designado com o nome da Quinta-dos-Degregados um extenso território ao norte da Torreira, de que a Gafanha se pode considerar o prolongamento? Esta designação supre quaisquer documentos abonatórios das condenações presidiárias para esta região semi-africana. É presumível que tais documentos existam, mas não é fácil que cheguem às mãos de qualquer obscuro investigador das coisas da Gafanha. (…)  Para satisfazer, porém, a uma tradição corrente, voltemos aos quatro criminosos, dos quai

Devoção pelas Almas do Purgatório

Gafanha da Nazaré: Tópicos para uma palestra proferida hoje Painel das Almas à frente do grupo Perde-se no tempo a devoção pelas Almas do Purgatório. Antes do cristianismo, já os filhos de Abraão rezavam pelos mortos, na esperança de que Deus os conduzisse e aceitasse no paraíso. Depois, com a Boa Nova de Jesus Cristo, intensificou-se esta devoção, sendo certo que ainda hoje se mantém, talvez não tanto como na nossa meninice. A devoção do Povo de Deus, bem alimentada pelas prédicas e catequeses dos sacerdotes, levou ao surgimento de Irmandades, que tinham por missão estimular o culto, participar nos funerais e encomendar a celebração de missas pelas almas, entre outras obrigações. Mas o culto dos mortos, como é sabido, não existe só no catolicismo. (Há Igrejas cristãs que não aceitam o Purgatório, razão de ser das orações pelos almas dos mortos). Noutras civilizações e culturas também houve e há a crença na vida do além, a que estão ligados muitos actos cultuais. Permitam-me que

Há 20 anos: Gafanha, 1 – Nege, 1

Mesmo sem foto, que não tenho, aqui fica um apontamento desportivo, para suscitar a colaboração. Não há por aí fotos deste jogo ou de outros, em que participou o Grupo Desportivo da Gafanha e o NEGE? Fico a aguardar. FM GAFANHA, 1 - NEGE, 1 Jogo no Complexo Desportivo da Gafanha da Nazaré Árbitro: Martinho Cândido, auxiliado por Manuel Rodrigues e António Fidalgo Gafanha: Telmo, Zé Victor, Ramos, João Figueiredo (cap.)e Nogueira; Bola (Bodas), Baptista e João Eduardo (Miguel Ângelo); Nelso, Ginho e Marito. Treinador: Prof. Josué Ribau Nege: Jorge, Sérgio, José Mário e Boia; Falcão, Caleiro, Victor Vergas e Pedro Silva; Florêncio, Jorge Nelson e José Victor (José Alberto). Treinador: Loura Timoneiro, Junho de 1989

Faz hoje 19 anos que faleceu o Padre Rubens

Compulsando as edições do TIMONEIRO de 1990 dei de chofre com a notícia da morte do Padre Rubens, em 21 de Março. No jornal de Abril do mesmo ano, escrevi um artigo, onde sublinhei, de forma sentida, o triste acontecimento, infelizmente aguardado desde que se manifestou a doença terrível que o acometeu. “O Padre Rubens deixou-nos, mas o seu exemplo de homem humilde e dedicado à Igreja permanecerá connosco, para nos iluminar uma vida mais desprendida e mais voltada para os outros. Falar do Padre Rubens, da sua vivência entre nós, da sua total disponibilidade, da sua humildade em tantos gestos manifestada, e do seu espírito de pobreza, é deveras difícil. E é difícil porque sentimos a perda de um amigo com tudo quanto de bom sabia dar-nos no dia-a-dia do nosso viver comunitário e das nossas preocupações e anseios individuais. É difícil e doloroso porque sentimos como poucos quanto tinha ainda para nos transmitir numa doação não muito frequente nos tempos que correm, numa entrega enraizad

Padre João Vieira Rezende, primeiro pároco da Gafanha da Encarnação

O Padre João Vieira Rezende, autor da “Monografia da Gafanha”, nasceu a 7 de Março de 1881, em Vale de Ílhavo de Cima, freguesia de Ílhavo. Filho de João Vieira Rezende e de Ana Vieira dos Santos, foi ordenado presbítero em 22 de Dezembro de 1906, depois de se dedicar à lavoura, trabalhando bastante na apanha do moliço na Ponte de Água Fria (Vista Alegre). Quando foi criada a paróquia da Gafanha da Encarnação, o Padre Rezende deixou a paroquialidade de Vagos, sendo nomeado primeiro pároco, cargo que exerceu entre 10 de Novembro de 1928 e 1948. Durante os 20 anos, foi o Padre Rezende o verdadeiro construtor da nova freguesia, desde a reorganização da Irmandade e do Apostolado de Oração, da criação de novas estruturas que fomentassem a espiritualidade dos seus paroquianos até à realização de obras indispensáveis na igreja e na residência paroquial. Fruto do seu amor a esta região, escreveu um livro indispensável a todos os estudiosos que queiram conhecer o seu passado, a “Monografia da

Gafanhas: Notas soltas

No ano de 1937 completou-se a construção do primeiro Cinema na Gafanha da Nazaré, sendo seus proprietários Manuel Fernandes Caleiro, José António dos Santos e José Vieira. Além dos telefones para os serviços da Aviação de S. Jacinto, do Farol da Barra e da Mata Nacional, há dois telefones públicos na Gafanha da Nazaré [1944] e dez particulares na mesma freguesia. Até ao ano de 1939 não houve fontes em toda a região das Gafanhas. A água para uso interno ainda agora é captada em covas instáveis e abertas nas antigas vertentes das dunas, ou em poços construídos junto das habitações. Esta água tem sido fina, cristalina, inodora, leve e saborosa. Ultimamente começou a declinar com o revestimento florestal e herbáceo das dunas e dos terrenos aráveis, o que levou à sua exploração em sítios ainda não inquinados pelas raízes e pelos detritos terrosos. Fonte: Monografia da Gafanha do Padre João Vieira Rezende

GAFANHA: Notas soltas

Censo de Portugal 1930: Gafanha da Nazaré: 791 famílias; 2245 almas Gafanha da Encarnação: 405 famílias; 1840 almas 1936: Gafanha da Nazaré: 950 fogos Gafanha da Encarnação: 800 fogos Fonte: Etnografia Portuguesa de Leite de Vasconcelos

A Gafanha, por Campos Lima

Sobre o que escreveu Campos Lima, Leite de Vasconcelos diz o seguinte: "Do segundo escrito, consta-me, por um Catálogo, que saíram a lume, pelo menos, três fascículos. Obtive casualmente um exemplar do 3.º (impresso em Famalicão e publicado em Lisboa em 1909), que vejo ser de carácter politico-utopístico. Já se mostrou que no Rei da Gafanha havia também algo de política. Por eu não haver lido o Rei da Gafanha, nem dois fascículos de Campos Lima, foi que escrevi acima segundo penso. Acrescentarei que me faltou tempo para fazer maiores buscas." NOTA: É curioso como se escreveu nos princípios do século XX , utilizando a vocábulo Gafanha, sem que os escritos tivessem algo a ver com a história desta terra e do seu povo. Contudo, sabe-se que, a partir daí, muito mais se escreveu, agora com estudos académicos, que seria interessante divulgar. É óbvio que eu, como amador destes assuntos, não tenho tempo nem acesso a muitos escritos sobre a Gafanha. Porém, quero admitir que um dia d

O Rei da Gafanha

Leite de Vasconcelos sublinha, na sua Etnografia Portuguesa, referências literárias à Gafanha, nomeadamente, O Rei da Gafanha e A Gafanha. A primeira é a tradução de uma peça francesa intitulada Le Roi e a segunda trata de um escrito de Campos Lima, que o próprio Leite de Vasconcelos não pôde estudar convenientemente. Diz o etnógrafo, citando Eduardo Noronha, que "Le Roi é uma comédia em quatro actos, original de G. A. de Caillavet, Robert de Flers e Emmanuel Arène. Foi representada pela primeira vez em 24 de Abril de 1908, no Teatro das Variedades em Paris. Foi traduzida para português com o título de Rei da Gafanha por Cunha e Costa & Machado Correia, por causa da exaltação [política] dos ânimos, por um lado, e como recordação das piadas da Gafanha atribuídas ao José Luciano de Castro, por outro. Representou-se pela primeira vez no D. Amélia, em Lisboa, em 20 de Dezembro de 1908. Incumbiram-se dos papéis principais: Augusto Rosa, António Pinheiro, José Ricardo, Chaby Pinh

Gafanha da Nazaré: Cantigas Populares

Registo de 1919 Senhora da Nazaré, Ó Nazaré da Gafanha, A quem Deus quer ajudar, O vento l'apanha a lenha! A Gafanha foi à bulha, A Barra foi acudir, S. Jacintro teve medo, Costa-Nova pôs-se a rir. Hei-de casar na Gafanha, Hei-de ser um gafanhão, Para vender as batatas, Às meninas de Alqueidão. In Etnografia Portuguesa de Leite de Vasconcelos, Vol. III

GAFANHA DA NAZARÉ: Delimitações

É IMPORTANTE DIVULGAR DOCUMENTOS HISTÓRICOS Tivesse eu tempos livres e não me cansaria de divulgar tudo quanto diz respeito à nossa terra e às nossas gentes. Assim, só de vez em quando o poderei fazer. Como hoje, em que, por esta forma, consigo divulgar um documento que saiu, em 1985, no Boletim das Festas das Bodas de Diamante da criação da freguesia, promovidas pela Junta. (Clicar na foto para ampliar)

GAFANHA DA NAZARÉ: Notas soltas

Ponte da Gafanha da Nazaré (Clicar na foto para ampliar) De acordo com várias fontes, a região das Gafanhas começou a ser habitada por modestos agricultores no século XVII, havendo registo de um baptizado, em 1686, como sinal de que as pessoas começaram, antes dessa data, a viver nestes areais. Em 1758 era já uma povoação com 14 vizinhos ou fogos e 140 pessoas de sacramento, como se lê em carta de Joaquim da Silveira, publicada, em nota de rodapé, na Monografia da Gafanha, do Padre João Vieira Rezende. Os primeiros habitantes eram gente pobre, oriunda dos concelhos de Vagos e Mira, que buscou terras para cultivar. Com esforço sobre-humano, os gafanhões conseguiram transformar dunas estéreis em terra produtiva, aproveitando os moliços que as marés depositavam na borda-d’água. Não eram pessoas que se aventurassem na ria ou no mar, mas cedo descobriram a riqueza que deles podiam extrair. A certeza de que os primeiros habitantes vieram dos concelhos de Vagos e Mira está bem patente n