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Mensagens

A mostrar mensagens de abril, 2009

Marcos Cirino desfia recordações

Barcos da Ria Marcos Cirino desfia recordações  com muito amor à Gafanha da Nazaré Marcos Cirino da Rocha, 87 anos, gafanhão de gema, vibra com as coisas da Gafanha da Nazaré. Conhece muito da sua história. Evoca com entusiasmo os assuntos em que se envolveu. Conta pormenores que escapam a muito boa gente. E insiste na ideia de que há pessoas que nos querem prejudicar, decerto marcado por tempos e comportamentos idos. Fomos ouvi-lo um dia destes. Entrámos em sua casa e vimos miniaturas de barcos de várias épocas. Todos construídos por si. “À escala”, sublinha. Mas também vimos inúmeras pastas de documentos e processos relacionados com antigas, e talvez recentes, reivindicações e polémicas. Marcos Cirino começou a trabalhar com 13 anos nas oficinas da Aviação Naval Almirante Gago Coutinho, o herói que fez, com Sacadura Cabral, a primeira ligação aérea, de Lisboa ao Rio de Janeiro, em 1922. “Conheci-o pessoalmente, em São Jacinto, quando ele visitou a Base, a convite do Coma

Onde estavas no 25 de Abril?

Onde estavas no 25 de Abril? Esta pergunta, que Baptista-Bastos fixou sobre a revolução dos cravos, baila muito na minha cabeça. Também eu me questiono com ela, quando o 25 de Abril vem. E afinal onde estava, realmente?  Quando a liberdade veio, com a força para muitos de nós desconhecida, tinha eu já 35 anos. Na manhã desse dia, levantei-me sem saber de nada. Como a grande maioria dos portugueses. Estava destacado,  profissionalmente, para uma tarefa do Ministério da Educação, ao tempo chefiado por Veiga Simão. Animava bibliotecas populares e outras, promovia e apoiava cursos de adultos, dinamizava instituições de cultura e recreio, formava bibliotecários e preparava professores para a difícil missão de ensinar gente crescida a ler e a escrever. Gostava muito do que fazia.  Naquele dia, o concelho de Sever do Vouga estava na agenda. Saí de casa e meti gasolina na Cale da Vila. Nesse ínterim, liguei o rádio portátil para ouvir as notícias. Perplexo, achei estranho sentir o rádio confus

Gafanha da Nazaré: um pólo de atracção populacional

“(…) 51,2% dos entrevistados não é natural da Gafanha da Nazaré. Para ali foram pelos mais diversos motivos, como o casamento com alguém da povoação (20,8%), a existência de laços familiares (20%) ou a construção de habitação residencial (4,8%), indiciando este dado alguma tendência à fixação na Gafanha da Nazaré por pessoas que trabalham noutros locais. Entretanto, o factor determinante da ida para a povoação prende-se, de facto, com motivos relacionados com o trabalho (54,4%). A Gafanha da Nazaré apareceu para a quase totalidade destes como um local atractivo para o exercício da sua actividade profissional.” In “Gafanha da Nazaré – Escola e comunidade numa sociedade em mudança”, de Jorge Carvalho Arroteia e outros. Edição do Instituto de Inovação Educacional, ano 2000.

Gafanha da Encarnação: Inauguração do Cruzeiro

1940 Jornal onde foi publicado o discurso do Padre João Vieira Rezende. Faz parte dos meus arquivos Padre Rezende Cruzeiro actual Cruzeiro dos Centenários na Gafanha Lê-se no Correio do Vouga, semanário católico e órgão da Diocese de Aveiro: "Conforme prometemos no último número deste jornal, publicamos hoje [14 de Setembro de 1940] o discurso proferido pelo Rev. P.e João Vieira Rezende, na inauguração do Cruzeiro dos Centenários, na Gafanha da Encarnação: Eis-nos aqui, em frente dêste monumento histórico, que na algidez e dureza da sua pedra, ficará a atestar pelas eras em fora a nossa fé e a nossa piedade. Alem disso, será êle também um documento e um testemunho de que nós, o povo da Gafanha da Encarnação, não quisemos ficar insensíveis e indiferentes a êsse movimento de fé e de patriotismo, que há quási dois anos tem alastrado de norte a sul de Portugal. Colaboraremos também nós, com essas entusiásticas e vibrantes manifestações dos dois amores lusitanos

Celebração da Páscoa

Sabia que... por estas bandas das Gafanhas, a Páscoa era celebrada com pompa e circunstância? A semana santa, como etapa final da Quaresma, com todos os seus rituais, começava na segunda-feira. Na 5ª, 6ª e sábado havia, como há ainda hoje, o Tríduo Pascal. Eram chamados padres, vindos das paróquias vizinhas, para pregar aos fiéis (na altura ainda os havia!). Subiam ao púlpito, que só já existe nas igrejas antigas, e faziam uso dos seus dotes de oratórica.  Não me lembro propriamente das palavras dos prelados, mas retenho, na minha memoriazinha de criança, algo que me impressionou: os gestos histriónicos do orador, aliados às suas inflexões de voz, consoante o teor do sermão, davam à prédica quaresmal um tom sinistro. Às vezes parecia estar a ralhar com as pessoas e eu, que não tinha feito nenhuma asneirita, nesse dia, perguntava à minha mãe: - Ó mãe, aquele homem está a ralhar comigo também? Mas eu hoje portei-me bem! 

O Mantarrota

Por estar no Algarve, lembrei-me hoje de um aluno, cujo nome se me varreu da memória. Foi há 47 anos, na Escola da Chave. Na altura sentia-se um grande incremento na Pesca do Bacalhau. A Gafanha da Nazaré muito beneficiou dele, com empresas a darem trabalho a imensa gente, que vinha de todos os cantos do litoral português. Notávamos isso no linguajar dos que chegavam para ficar na região.  Uma criança entra-me na sala por transferência. Quando indaguei da sua naturalidade, respondeu-me, com ar cândido, que era do Algarve, de Manta Rota. Logo a malta riu a bom rir, como era natural. Confesso que nunca tinha ouvido falar de tal terra e também sorri. E começou a conversa, naturalmente para levar o aluno à integração no meio escolar. E as perguntas, minhas e dos então seus colegas, surgiram, numa tentativa de se saber a origem de nome tão diferente dos que conhecíamos à nossa volta.  Nessa época, viajava-se pouco. Os horizontes da grande maioria das crianças não ultrapassavam a ria e