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A mostrar mensagens de maio, 2009

A Arte da Xávega

A Arte da Xávega, que muitos conhecem pela utilização de juntas de bois que puxam a rede para a praia, não começou assim. O padre João Rezende diz, na sua Monografia da Gafanha, que “Até cerca de 1887 estava ainda em uso o processo de pesca no mar pelo arrasto ao cinto, que consistia em cada um dos pescadores prender, por uma laçada especial, a corda do cinto às duas cordas especiais da rede (o rossoeiro e a corda barca ) e assim ligados, ou atrelados se quiserem, arrastarem a rede para fora da pancada do mar .” Diz o mesmo autor que foi Manuel Firmino, proprietário de companhas e político de Aveiro, quem primeiro substituiu, naquele ano, o arrasto ao cinto pela tracção do gado bovino.

O esforço insano dos gafanhões

Frederico de Moura, o médico vaguense que também se dedicou à escrita, que dominava com perfeição e poesia, escreveu, em 1968, na revista "Aveiro e o seu Distrito", um "Apontamento para um trabalho sobre a paisagem de Aveiro", o seguinte, sobre o esforço do gafanhão: Claro que o Gafanhão – ou o avô do Gafanhão – quando se foi às lombas para as cultivar sabia que ia investir contra vidro moído totalmente carenciado de matéria orgânica que desse qualquer quentura ao berço de uma planta. Ele bem via a mica a faiscar-lhe no lombo e bem sentia o vento a transmutar-lhe, de momento a momento, o versátil. Citado por “Gafanha da Nazaré – Escola e comunidade numa sociedade em mudança”.

Características dos gafanhões

Rocha Madahil escreveu em 1966 um artigo, baseado numa descrição dos finais do século passado (séc. XIX), o seguinte, como se pode ler em “Gafanha da Nazaré – Escola e comunidade numa sociedade em mudança”, de Jorge Arroteia e outros: “são denominados gafanhões os habitantes da Gafanha. O seu typo physionomico denuncia feição árabe. Os homens são robustos e de boas formas, e as mulheres de mediana estatura, mas cheias e vigorosas. São de carácter expansivo e índole benévola. É raridade o casamento de um gafanhão, homem ou mulher, fora da colónia, que talvez por isso conserva immutavel a sua feição primitiva.” Nota: Com tanta mistura de gentes de tantos sítios, estou em crer que Rocha Madail, se fosse vivo, ficaria altamente espantado com os actuais gafanhões e gafanhoas. FM

Gafanha: Celeiro e horta

“Ainda que muitas pessoas se contam neste distrito que viram a Gafanha árida e despida de vegetação, como a maior parte dos areais do litoral, este trabalho foi tão proveitoso que é a Gafanha talvez um dos lugares deste distrito em que haja mais ouro amoedado, sem contar que literalmente fornece sustentação e trabalho a mais de oito mil pessoas sendo, por assim dizer, o celeiro e a horta dos concelhos de Aveiro, Ílhavo, e ainda da maior parte de Vagos.” Rocha Madail, em “Etnografia e História”, 1934, citado por “Gafanha da Nazaré – Escola e comunidade numa sociedade em mudança”

Cantigas ao desafio na Gafanha da Nazaré

Na noite passada, lembrei-me da taberna do Ti Manuel Maria Bola e das desgarradas que lá ouviam. Era eu ainda menino! Era lá que os passantes iam beber o seu copo e comer a sua bucha. Os que vinham de burro - normalmente vender laranja de Mira - deixavam os burros amarrados às argolas existentes para o efeito, chumbadas na parede. Outros que vinham a negócio, serranos, por vezes traziam as suas violas, e então, depois dos copos, era ouvi-los a cantarem ao desafio. Recordo-me que o meu avô nos explicava como era: -Um, desafiante, lançava o "Mote" (Era um verso com quatro linhas). O desafiado respondia com um verso de dez linhas, a última das quais tinha que ser, por ordem, uma das linhas constantes do mote! E as cantigas seguiam-se com um dos cantadores a responder ao outro. Fiz uma "cantiga" cuja letra serviria para os tempos actuais, e que anexo, para o vosso comentário. Ângelo Ribau Lembranças da Mocidade Quando eu era pequenino No tempo do meu avô Minha terra ti

Toca a Marchar

Estaleiros Mónica "Conforme ficou prometido, continuamos neste número a republicar letras de marchas sanjoaninas da Gafanha da Nazaré. Desta feita, calha a vez a Cale da Vila. Parece o nome derivar do lugar estar situado junto a uma cale ou caminho de água, canal fundo, esteiro, que conduzia à vila, talvez a vila de Aveiro, elevada a cidade em 1759, no tempo do Marquês de Pombal, o que faz remontar as origens da Cale da Vila pelo menos no nome· a antes da segunda metade do século XVIII. São referidas habitações sazonais, isto é precárias ou apenas existentes em períodos de trabalho, como as fainas da recolha do sal ou da pesca de companha, desde o tempo de D. Dinis, havendo documento de seu filho Afonso IV, o do reconhecimento das Canárias, que refere construção de barcas, barinéis ou caravelas para a pesca e comércio. Também se sabe da importância de Aveiro e decerto das suas redondezas gafanhosas, mesmo "avant la lettre», resultantes da primeva exploração da TERRA NOVA D

Rádio Terra Nova: Passado não pode ficar esquecido

Para a história da Rádio Terra Nova Rádio Terra Nova – De novo no ar No dia 12 de Junho de 1986, nasceu na vila da Gafanha da Nazaré, mais propriamente na Rua Gil Eanes, 31, uma menina a quem foi posto o nome de “TERRA NOVA”. Como todas as crianças, aprendeu a balbuciar, gatinhar, andar e falar! Até ao dia 24 de Dezembro de 1988 fez-se mulher e teve muitos filhos a quem chamou ouvintes. Não sabendo bem porquê, nesse dia foi separada de todos eles e privaram-na de falar e dizer o que lhe ia na alma. Qual é a mãe que não quer comunicar com o seu filho mesmo que ele esteja muito longe? Haverá porventura alguma? Será que algo ou alguém tem o direito de lhe “roubar” esse prazer, esse gesto de amor? TERRA NOVA estava certa que não, e por isso mesmo “presa” entre quatro paredes não deixou de “lutar” com quantas forças tinha para reaver o que de direito lhe pertencia: liberdade de expressão e comunicação. Lutou até 26 de Março, dia em que se reencontrou com as pessoas que lhe querem bem.

Movimento de Schoenstatt: A propósito de um Festival da Canção…

Santuário de Schoenstatt A propósito de um Festival da Canção , que aqui divulguei, há tempo, li hoje um comentário do João Alberto Roque, o qual, pelo seu interesse, aqui sublinho, com o objectivo de suscitar reacções, sempre agradáveis de ler. Contudo, o meu atraso merece uma explicação: Com a vida agitada que levo, esqueço-me, com frequência, de ler ou reler os comentários. E quando o faço sou levado a concluir que, se estivesse mais atento, talvez na altura própria pudesse encaminhar para algumas pessoas questões neles levantadas, em especial para ajudar a reescrever a história do Movimento de Schoenstatt entre nós. De qualquer forma, aqui prometo mais atenção no futuro. Leiam, então, este comentário do João Alberto Roque e depois acrescentem qualquer coisinha.  Fernando Martins   EU FUI DOS PRINCIPAIS INTERVENIENTES... Eu fui dos principais intervenientes… É agradável dar de caras com estas recordações. Já não me lembrava dos pormenores – tinha vinte e três anos na

ABERTURA DA BARRA DE AVEIRO

Planta da Barra em 1843. Arquivo do Porto de Aveiro Ao longo do ano de 2008 assistiu-se, com agrado, às diferentes iniciativas e cerimónias destinadas a assinalar os duzentos anos da abertura da Barra de Aveiro. Organizaram-se exposições muito interessantes e elucidativas sobre os antecedentes que levaram à execução do projecto, a complexidade dos trabalhos a executar, a tremenda dificuldade para os levar a cabo, a importância do seu funcionamento para o progresso verificado paulatinamente na região, a qualidade dos responsáveis e executores principais, que foram homenageados, como era natural. Seria justo que tivesse sido dado um minuto de glória aos muitos trabalhadores anónimos que, com o suor do seu rosto, deram corpo ao projecto que permitiu salvar o pouco que já restava de Aveiro e mudar a face de toda a região envolvente, que se tornou um pólo de desenvolvimento e progresso notáveis. Muitos terão sacrificado a sua vida, quer perecendo em acidentes de trabalho, afogados ou esm