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Mensagens

A mostrar mensagens de agosto, 2011

Crianças austríacas refugiadas de guerra na Gafanha da Nazaré

Uma estória Só me dão sopa Meninos e meninas das minhas idades, deles guardo a sensação de que a maioria conseguiu adaptar-se ao nosso estilo de vida. Outros, nem por isso. Quando as famílias que os receberam se situavam a um nível social médio, com filhos ou familiares das mesmas idades, era notória a alegria das crianças: brincavam, riam e folgavam com naturalidade; outras, em famílias sem filhos e sem crianças por perto, mostravam-se naturalmente mais reservadas. Procuravam, quando podiam, as suas compatriotas para conversarem e conviverem. Nenhuma, que me lembre, falava português, mas iam-se adaptando e descobrindo as nossas palavras e expressões. Algumas começaram a encontrar-se em casas de famílias com melhores condições de acolhimento e então era agradável ver a satisfação com que passavam o dia. Ali comiam e se divertiam. Depois começaram a querer ficar mais tempo até que um dia assisti a uma cena triste. A criança recusava-se a regressar à família de acolhiment
Uns dias de férias, fora dos ambientes habituais, fazem sempre bem à mente e ao corpo. Longe dos meus livros e arquivos, mas também à volta com o iPad2, uma nova forma de lidar com o mundo virtual, não pude conviver com os meus leitores e amigos, como era meu gosto. Retomo hoje, na certeza de que continuarei atento ao mundo que me cerca, de raio sem limite. Fernando Martins

Agosto da minha meninice

Ponte da Cambeia Quando hoje contemplo a azáfama do mês de agosto, não posso deixar de retroceder até aos tempos da minha meninice, com muito menos praia, sobretudo para as classes mais humildes. Havia na maioria das famílias trabalhos agrícolas e os pais tinham que se envolver em diversas tarefas para sustentar as suas gentes.  As férias eram mais voltadas para a ria, onde os filhos chapinhavam nas águas serenas da laguna, ao mesmo tempo que apanhavam cricos, mexilhão, burriés, navalhas, caranguejos e tudo o mais que viesse à rede. Para consumo próprio e, eventualmente, para vizinhos e familiares. Nessa altura, ainda se viam por aqui pessoas dos lados de Mira e Vagos, que apanhavam sobretudo cricos, que depois transportavam em burros, provavelmente para vender.  Aos domingos, muito raramente, lá se ia até à Praia da Barra, para molhar os pés e pouco mais. Contudo, recordo famílias que tinham o hábito de ir à beira-mar, principalmente as mais ilustradas e com mais posses, lig

A Rua da Saudade convoca-nos para a lembrança dos nossos entes queridos

A Rua da Saudade ladeia o cemitério da Gafanha da Nazaré. Como o próprio nome indica, convoca-nos para a lembrança dos nossos entes queridos, amigos e conhecidos, com quem nos cruzámos nos caminhos da vida. Agora só nos vêm à memória com recordações que nos fazem reviver tempos agradáveis e às vezes menos agradáveis. Quando entramos no cemitério, é certo e sabido que, de uma ponta à outra, recordamos tantos rostos, tantas histórias, tantas vivências, mas também algumas ausências junto de familiares e amigos a quem nem sempre demos a devida atenção. A Rua da Saudade serve ainda para nos sugerir, a nós, crentes, uma oração dirigida ao Senhor de todos os dons, para que cuide dos que ali repousam, acolhendo-os no seu seio misericordioso. O Cemitério Paroquial, como foi designado na altura da sua construção, foi benzido no dia 25 de julho de 1921. E com a sua inauguração, os falecidos na Gafanha da Nazaré deixaram de ser sepultados no cemitério de Ílhavo, acabando o sacrifício que is

Portas d'Água

Portas d'Água Para memória futura, aqui fica uma expressiva foto das famosas Portas d'Água, Cambeia, Gafanha da Nazaré, que nos ligavam ao Forte da Barra e depois à Barra e Costa Nova. Hoje está lá um bocadinho, que nos remete para tempos da nossa meninice e juventude.

A nossa região na Ilustração Portuguesa

Rasgando Leivas na Ilustração Portuguesa, 1910, 14 de Março, n.º 212. Escrito por António Maria Lopes, de Ílhavo, em 2-3-1910 Desafio: exercício de identificação, no todo ou em parte. Aceitam-se sugestões.

Posse dos Órgãos Sociais da ADIG: Discurso do presidente

DISCURSO DO ACTO DE POSSE DA DIRECÇÃO DA ADIG  Começo por dar uma visão retrospectiva da vida na Gafanha da Nazaré. A nossa terra emergiu de um areal imenso, inóspito e desprezado, fustigado pela nortada inclemente que aqui temos com fartura.  Em 1868 – altura em que por aqui já muita coisa havia mudado – Frederico de Moura, caracterizava assim o viver da nossa gente:  – “Com enxadões desmedidos fazem surribas que vão ao centro da terra! Nasce-lhes água sob os pés descalços e encardidos. E, só depois, é que vem a tarefa de incorporar na terra remexida, até ao tutano, o moliço arrancado do fundo gordo dos canais. Algas e peixe podre para enterrar, lodo para impermeabilizar o fundo da regadeira e aí está a comedoria que serviu de mantença ao milagre das Gafanhas.”  “Quem surriba chão de areia não encontra onde enterrar raízes de esperança (...)! Quem lança a semente num ventre que é maninho, não pode ter esperanças de fecundação. E, por isso, o gafanhão, antes de cultiva

Cá estou de novo

Depois de um período de férias, longe do computador e dos meus blogues, cá estou de novo para prosseguir  na caminhada que me torna mais vivo e atuante. Neste blogue, a colaboração dos meus amigos e leitores será sempre uma mais-valia, para bem das nossas terras. Fotos, recordações, pedaços de história, estórias, tudo poderá servir para nos irmanar nesta vontade de criar laços de proximidade e partilha. Fico à espera. Fernando Martins