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A mostrar mensagens de abril, 2012

Catitinha: achegas para a sua biografia

Catitinha Foi em casa do tio João Catraio que um dia, aí por 1945, conheci uma figura típica e algo misteriosa. Aparecia de tempos a tempos e fixava residência em casa de alguns gafanhões, que o recebiam como se fora um parente próximo. Cediam-lhe um quarto, comia à mesa com as famílias que o acolhiam, conversava e dava conselhos a todos.  Das suas palavras, serenas e bem medidas, saíam conceitos cheios de filosofia, que eu não entendia, mas que os sentia nos rostos extasiados de gafanhões iletrados e pouco viajados. Era o Catitinha, que os fotógrafos da região gostavam de registar para a posteridade. E quando nos falava, como qualquer avô extremoso e sábio, mostrava-nos fotografias das localidades por onde passara, viajando sempre de comboio. Dizia-se, então, que tinha livre-trânsito para poder andar de terra em terra.  Não estava muito tempo no mesmo sítio. De repente, sem que nada o fizesse prever, anunciava a partida, e lá ia. Vim a referenciá-lo, mais tarde, noutras

A Pesca Artesanal na Ria de Aveiro

Texto de Faria dos Santos, Em  “Aveiro e o seu Distrito”, n.º 23/25, 1977/1978 Ilustração de Zé Penicheiro, no mesmo artigo «Ao longo dos seus 45 quilómetros de comprimento, de Norte a Sul, existem na Ria de Aveiro povoações piscatórias com elevada actividade na pesca artesanal. Nomes  como  Ovar,  Torreira,  Murtosa,  S.  Jacinto, Costa Nova e Vagueira, estão intimamente ligados à ideia de pesca. Os dados actuais sobre as quantidades e valores de pescado retirado da Ria de Aveiro são inexistentes. Na realidade com a extinção do chamado «imposto de pescado», foram encerrados os 13 postos de despacho alfandegário existentes na Ria. Sem eles não foi mais possível determinar os níveis de captura alcançados. Numa tentativa de análise do problema recordemos alguns dos valores recolhidos». Com as dúvidas inerentes aos valores de vendagem declarados, pode-se todavia afirmar que rondariam as 700/800 toneladas/ano as capturas efectuadas na Ria de Aveiro. Admitindo que

O cabo, o engenheiro e a atitude desmanchada deste

História da Junta Autónoma da Ria e Barra de Aveiro Dique da Gafanha - 1930 O engenheiro saiu "gesticulando e gritando, numa atitude tão desmanchada, em plena rua e adiante de subordinados, dele e meus, do respeito que deve a si próprio e ofendendo-me a mim, desprestigiando-me e desautorando-me no exercício das minhas funções". Na origem do episódio esteve o facto do trabalhador Manoel Monteiro Claro não ter respeitado a advertência do guarda pelo incumprimento do artigo n.º 2 da ordem de Serviço de 18 de Setembro de 1929 e, na sequência da reprimenda ter "abandonado o serviço de maroto" para ir fazer outra tarefa. Tendo-lhe ordenado que retomasse, imediatamente, o trabalho de picagem que estava a fazer "para que não fosse tempo perdido e dinheiro mal gasto como sucede noutros casos como a porção de railes e um chassi de uma vagoneta" que foram "picados e repicados e estão cobertos de ferrugem por não terem sido mandados pintar conve

Gafanha da Nazaré, cidade há 11 anos

19 de Abril de 2001 Criada freguesia em 23 de junho de 1910 e paróquia em 31 de agosto do mesmo ano, a Gafanha da Nazaré é elevada a vila em 1969. A cidade veio em 2001, por mérito próprio. O seu desenvolvimento demográfico, económico, cultural e social bem justifica as promoções que recebeu do poder constituído no século XX, a seu tempo reclamadas pelo povo e delas se fazendo eco a Junta de Freguesia.  A Gafanha da Nazaré é obra assinalável de todos os gafanhões, sejam eles filhos da terra ou adotados. De todos os pontos do País, das grandes cidades e dos mais pequenos recantos, muitos chegaram e aqui se fixaram, porque não lhes faltaram boas condições de vida.  A Gafanha da Nazaré é, hoje, uma mescla de muitas e variadas gentes, que, com os seus usos e costumes e muito trabalho, enriqueceram, sobremaneira, este rincão que a ria e o mar abraçam e beijam com ternura. 

Ida ao mar na Costa Nova - 1934

Nota: Arquivo do Distrito de Aveiro, 1935

Ria com Farol à vista

Alguém gostou muito desta minha fotografia tirada durante a procissão pela ria de Aveiro, mais concretamente no momento da chegada ao Forte da Barra. O reflexo do sol está bem à vista, com embarcações que animaram, com  povo, as festas em honra da Senhora dos Navegantes. Aqui a partilho com os meus amigos e leitores.

Abertura da Barra de Aveiro

3 de abril de 1808 Em 1800, a Gafanha era já bastante povoada, na sua maioria por foreiros, e em 1808, a 3 de Abril, Luís Gomes de Carvalho abre então a Barra, no local estrategicamente definido por estudos exaustivos levados a cabo por si próprio, na sequência de outros iniciados pelo Engenheiro Oudinot, de nacionalidade francesa, entretanto destacado para a Madeira, onde o esperavam outras tarefas urgentes. O Comandante Rocha e Cunha descreve o feito com alguma poesia de permeio, que bem simboliza a fama deste acontecimento vital para estas terras e suas gentes: «Em 3 de Abril, domingo, verificou que o desnível era de dois metros do interior para o exterior. Às 7 horas da tarde, em segredo, acompanhado por Verney 3 , pelo marítimo Cláudio e poucas pessoas mais, arrancam a pequena barragem de estacas e fachina que defendia o resto da duna na cabeça do molhe, cortam a areia com pás e enxadas, e Luís Gomes de Carvalho, abrindo um pequeno sulco com o bico da bota no fr